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  • Li Mendi é jornalista, tem 23 anos e pretende fazer faculdade de publicidade ano que vem. Nas horas vagas, escreve e-books e curte falar de arte. Uma gemeniana clássica: uma dentro da outra; por vezes, uma contra a outra.

  • Guilherme Zanella faz faculdade de cinema, tem 17 anos. Escreve o seriado cheio de mistérios Ponte Lusac. Adora cinema e artes.

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  • 10/10/2007
    Automat, 1927

    Um porre de Hopper na tela e na telona

    A cibervida pede cliques rápidos, conexões simultâneas. Tomar café enquanto se lê jornal, escrever e atender ao telefone, ouvir música e fazer um relatório. Um ritmo trance-robótico quase alucinógeno. Mas na contra-mão disso, há a solidão quieta e profunda dos que preferem a o silêncio como encontro consigo.

    Essa semana caiu nas minhas mãos um excelente artigo de José Meirelles Passos, correspondente do Jornal O Globo, sobre a obra de “Edward Hopper”, o americano que influenciou a cultura pop e é tido como o maior pintor realista dos EUA, no século XX. Os quadros de Hopper é o tempo parado, a “não-ação”. Os seus cenários são cafeterias, bares, restaurantes e outros lugares onde as pessoas estão solitárias, ou parecem compenetradas em si mesmas, sem conversarem entre si.

    Hopper disse: “Noventa por cento dos pintores são esquecidos dez minutos depois de sua morte”. Mas não foi o que aconteceu com sua obra, exposta na National Gallery of Art, em Washington, até 21 de jan. 2008.


    Seus trabalhos foram parar no cinema. Wim Wenders recriou “Nighthawks” (acima) como set para “O fim da violência” (1997): Olhando para um quadro de Hopper você pode sempre dizer onde está a câmera”. O mesmo quadro aumentou a carga noir futurista de “Blade Runner”, explica Ridley Scott: “Eu constantemente colocava uma reprodução da pintura sob o nariz da equipe de produção para ilustrar a aparência e atmosfera que eu buscava para o filme”.

    O mais interessante é que o próprio Hopper era fascinado por cinema: “Quando não me sinto num estado de ânimo para pintar, vou ao cinema todos os dias durante uma semana ou mais. Eu tomo um porre de cinema e aí reaparece a vontade de pintar, junto com várias idéias que os filmes me passaram”.

    É interessante como até os grandes gênios da arte se sentem esvaziados e procuram na própria arte a fonte para reativar a força motriz da criatividade. O cinema, a literatura e as artes plásticas coexistem, perpassam, se fundem. Uma pena que seja para o acesso de tão poucos aqui no Brasil, onde muitos “Ivos nunca viram a uva” ainda.


    Fonte: Imagem 1, Imagem 2

    Li Mendi
    08/10/2007

    Câmera subjetiva


    É a rotina. Começo meu dia com uma câmera subjetiva, perdendo o foco, fazendo um tilte para me pôr de pé. Escovar, comer, me trocar requer um traveling complicado, impossibilitando o uso do “ligeirinho”. Mas foi num dia desses mecânico que encontrei, em primeiro plano, uma pessoa em contra-plongê, que nem luz de ataque frontal alguma poderia desmecer sua magnífica decupagem. Plano a plano, entre um corte e outro, debatia com esta direção de arte em forma de gente, a vida mecânica. “É a rotina que nos faz mudar", disse ela, em mono, captado em som direto, direto na minha mente. Respondia nada mais que uma ou outra trucagem, utilizando fusão de um assunto a outro.

    A conversa fluía com ritmo. Eu, sempre noir, atingido por uma luz de 3500 k. Ela, responde à perguntas de arte. Fomos ao café em steadycam, tomamamos algumas xícaras e num corte branco, estávamos em casa. Tardia elipse, fazia-me sentir ansioso. Finalmente em uma interna, minha casa, dia, ficamos a sós. Uma locação sem ruído, muito menos respiros. Espaço suficiente. Entre “Bergman” e “Antonioni” (que nunca me atraiu), inclinei-me em minha grua, com um plano detalhe de sua boca, prestes a alcançar o clímax. Ela me parou, disse que a tomada não estava valendo, criticou o ponto de virada da narrativa. Bilheteria pequena, com pouca exibição. Enfim, amigos, quase irmãos.

    Uma despedida banal, clássica. Eu, no contra-luz. Ela, estourada. A película arrebentou, fiz cara de sucesso. O filme estava estragado. Tudo bem, não tinha saco para relevar o negativo. Voltei ao café, preparei uma projeção, queria algo surreal. Meu grande amigo Bruñuel. Dois cafés, ou melhor, três, pra dar idéia de continuidade. Com todo o cuidado para não mostrar nenhum produto. Voltei pra casa com câmera na mão, anti-estrutura, luz natural, neo-realista. De repente a estética havia se tornado inválida, caí no discurso direito, geografia indefinida, arte alegórica. Voltei pra casa como um personagem vazio, mas longe de ser generalizado. A cama era o rumo. O sonho, a montagem. Caí e dormi. O fim. É a rotina.

    **Esta imagem representa o filme "Vivendo no abandono" - Living in oblivion (1994), onde o diretor, à frente, aparece ao lado de uma câmera. Este filme fala, por meio de metalinguagem, os bastidores de um set de filmagens. Enquanto eles tentam filmar a estória, várias situações teimam em incomodar o andamento deste processo. O filme cabe bem ao texto, metalingüístico, com intervenções do acaso aparente.

    Guilherme Zanella
    Não posso mudar nada do que vi, mas o que vi me mudou


    Cartier-Bresson veio de uma família pequeno burguesa parisiense e dizia que iria ser pintor. Aos 17 anos, ganhou de presente uma câmera e começou a fotografar na fazenda do tio o cultivo da cana de açúcar. O que lhe inspirou o interesse pela fotografia foi a foto Meninos Negros à Beira do Lago Tanganica (1931), de Martin Munkacsi. O movimento das crianças correndo em direção à água sensibilizou Bresson para o poder da imagem fotográfica.

    É por suas fotos de gente comum que Bresson ficou mais conhecido, sejam elas do Harlem, do Texas ou da União Soviética, onde em 1954 ele foi um dos primeiros fotógrafos ocidentais com permissão para trabalhar. Cartier fez ensaios fotográficos sobre prostitutas e travestis no México, cobriu a guerra civil espanhola em 1936 e passou seis meses na China antes e depois da vitória comunista sobre o Kuomintang. Logo após foi para a Indonésia, onde conheceu sua primeira esposa, Ratna Mohini, e acompanhou as dificuldades do país para obter a independência em 1949.

    No filme Ponto de Interrogação Cartier-Bresson o fotógrafo aceita um bate-papo sobre as impressões de seu trabalho. Muito tímido, pede para que a luz de um dos refletores seja tirada de cima dele. “A penumbra é muito mais íntima”, explica. Essa intimidade presente entre a penumbra e a luz é tão bem representada nas fotos preto e branco de Bresson, que não fotografava em cor. Por mais que a cor seja uma representação que aparente uma reprodução mais natural, ela tenderia facilmente ao superficial e ao mecânico.

    “Tirar uma foto é como reconhecer um evento e naquele exato momento e numa fração de segundo, você organiza as formas que vê para expressar e dar sentido ao evento. É uma questão de pôr o cérebro, o olho e o coração na mesma linha de visão. É uma forma de viver". Assim, Bresson define seu método que é o de perseguir a foto “única”, aquela que é o clímax de eventos que poderiam ser dispostos numa parábola, em que no momento decisivo surgiria a foto síntese.Dessa maneira, o fotógrafo diferencia o desenho da foto, enquanto o primeiro é meditação, o segundo é o tiro.

    Para tirar proveito desse acaso, desse momento oportuno, Bresson tinha sempre pronta sua pequena câmera Leica e, como um “abatedor de carteiras”, como ele mesmo compara, rapidamente registrava o acontecimento, buscando a espontaneidade das pessoas, antes que estas se dessem conta de que iam ser fotografadas e assim não perdessem a sua naturalidade. Exatamente por isso ele buscava a discrição e tentava se passar desapercebido na multidão.

    Cartier não queria a foto anedota, mas a foto reportagem, por isso gostava que suas imagens estivessem em estreita ligação com o contexto dos fatos históricos em que foram tiradas. Essa prática tornou-se uma técnica profissionalizada na agência Magnum Photos, que ele criou junto com Robert Capa, em 1947. Na agência, os fotógrafos deviam, além de produzir o material fotográfico, se interar de tudo que estivesse ligado ao tema de seu trabalho e registrar suas impressões.

    Cartier Bresson também era um grande admirador do desenho. No Museu do Louvre passava longas horas copiando trabalhos de Géricault, Dürer e Goya. Contratou modelos nus, fez auto-retratos e desenhou a vista de seu apartamento de frente para o Jardim das Tulherias. Seus traços em preto e branco nos desenhos lembram a perseguição geométrica também presente em suas fotos, em que as formas e a luz estão sempre numa composição harmônica.

    Cartier não apenas fez trabalhos com a imagem estática na forma de fotografia ou desenho.No fim dos anos 30, Bresson trabalhou com cinema, como assistente de Jean Renoir nos filmes Um Dia no Campo e As Regras do Jogo, e fez dois documentários sobre os Republicanos na Guerra Civil Espanhola. Em agosto de 1944, Bresson retratou a libertação de Paris e no ano seguinte, dirigiu um documentário sobre prisioneiros de guerra retornando ao país.

    Bresson afirma que “entre encomenda e engajamento político não há diferença”, portanto, os filmes em que trabalhou levavam também seu apoio social e político. Sua relação estreita com a ideologia vinculada naquilo que produzia me faz lembrar o documentário “A deusa imperfeita” de Ray Muller, em que conta a trajetória da atriz e diretora Leni Riefenstahl. Nele, Leni declara que não teve qualquer influência na campanha propagandística de expansão do nazismo ao imprimir sua estética nos filmes “O Triunfo da Vontade” (1935) e “Olímpia” (1938). Como Bresson, que dizia se irritar quando o que via não estava na proporção correta, Leni também admirava a harmonia das formas geométricas, para ela o cinema se assemelhava à arquitetura e o princípio fundamental da criação de um filme deveria ser o equilíbrio. Baseada nesta idéia,organizou imagens das tropas dos alemães com um rigor simétrico que deixava imageticamente explícito os princípios de unidade, ordem e determinação do movimento nacional-socialista de Hitler. “OTriunfo da Vontade”, chamado de “Wood-stock fascista” pelo crítico Jack Kroll na revista Newsweek, para Leni foi apenas uma encomenda de Hitler e isso não significava que compartilhasse com o nazismo.

    O acervo de fotos de Cartier-Bresson foi organizado na
    Fundação Cartier-Bresson, na França, e sua arte tornou-se um objeto de celebração. O tímido Bresson, porém, não correu atrás da fama, pelo contrário, afirmou que ela é terrível, pois ficamos acorrentados a esta. Ele também deixou uma crítica aos meios de comunicação que estão repletos de comentaristas que tomam os eventos da vida privada alheia para explorá-lo de todas as maneiras, não deixando espaço para a imaginação, pois tudo é dito e explicado de forma sensacionalista. O fotógrafo dizia gostar do rádio justamente por este dar maior chance de imaginação ao ouvinte.

    Nas fotos de Bresson instigam a imaginação. Seu poder de captar a imagem síntese, que diz por si só, sem precisar de mais legendas, ou explicações, nos leva a profundas reflexões, uma vez que o trabalho geométrico e a sensibilidade com que as cenas são aprisionadas nos remetem a uma introspectividade. Quando vejo as suas mais simples fotos de pessoas de olhar perdido, sentadas em poltronas ou cadeiras, me pergunto; “o que elas pensavam?”, “Quais eram suas preocupações?”, “Quais eram suas dores?”. O fotógrafo conseguia captar um momento em que a pessoa se entregava à suas próprias reflexões e se esquecia da máquina. O resultado disso é uma foto que para mim funciona como um rádio, que me leva a imaginar as vozes mentais dessas pessoas silenciosas.

    Esse efeito de ressonância entre a imagem e a experiência de vida de cada um é o que Bresson mais valorizava quando dizia que a fotografia lhe atraia por esse poder de despertar o inconsciente. Pois o importante no retrato não era a expressão, para ele o mais interessante de se captar era justamente o silêncio.

    Cartier, que era um a admirador dos cientistas por estes não acreditarem em tudo e estarem sempre renovando suas teorias, dizia que o principal não eram as respostas, mas as perguntas e certamente isso fica impresso no seu trabalho. Ao observar uma de suas fotos em que um homem com uma perna só anda de muletas diante da ruína de uma construção, eu encontro uma resposta para o que é isso: uma pessoa que está tão destruído fisicamente como os próprios escombros do seu país. Mas também surgem muitas perguntas para o porquê disso: Por que o homem é capaz de destruir o seu igual?, Por que ele acha que a cor da pele ou a diferença de religião pode formar categorias do bem e do mal? Sucessivamente as inquietações vão surgindo a partir da imagem daquele aleijado.

    Cartier sabia que o visor de sua máquina tinha a capacidade de captar as pessoas nuas, não fisicamente, mas no seu íntimo psíquico e muito consciente disso, Bresson não gostava de ser fotografado. “Não gosto que façam comigo o que faço com os outros”, explicou. Sobre as imagens que vira em vida: na guerra, na sua estada num campo de concentração alemão por três anos, no cotidiano em meio ao cidadão comum e ou entre as pessoas famosas, Cartier
    afirmou: “Não posso mudar nada do que vi, mas que o que vi me mudou”.

    Fonte:
    Imagem

    Li Mendi
    07/10/2007

    A Elite e a Tropa

    O preço médio do ingresso para o cinema: 15 reais. A versão Pirata do filme “Tropa de Elite”, no Camelódromo da Uruguaiana, no Centro do Rio de Janeiro: cerca de 10 reais. Quase equivalente? Não, afinal, o pirata pode ser visto e revisto por inúmeras pessoas, passando de mão em mão, enquanto o ingresso do cinema só é cabível a um único indivíduo.

    Os opositores fundamentalistas da pirataria já abrem a boca para seus gritos histéricos de “Absurdo! É o fim do cinema nacional!” sem nem ao menos me deixarem mostrar onde quero chegar. Take it easy, baby!

    Enquanto a elite intelectual com muita grana do bolso e uma consciência limpa pode comprar um DVD original e levar toda a família para o cinema, há sim quem comprou o pirata. É fato, está lá estampado na Folha: “Antes de sua estréia no cinema, ontem, o filme "Tropa de Elite" já havia sido visto por 19% dos paulistanos, segundo pesquisa do Datafolha realizada na última quinta-feira. É possível dizer que 1,5 milhão assistiram ao longa antes de ele entrar cartaz, projetando o percentual entre os maiores de 16 anos que residem em São Paulo. "

    Ser contra ou a favor da pirataria é uma guerra ética e moral que esquentou a polêmica nos últimos 3 meses. A saia justa ficou para aqueles que resolveram opinar sobre o filme antes da hora...

    Vamos entrar na sala do cursinho de pré-vestibular pH, um dos mais caros do Rio de Janeiro, que custa em torno de 800 reais. Vejamos o que pede o tema da redação aplicada para 300 alunos em um simulado (*Aproximando a folha mais perto para acreditar se os olhos não se enganaram*): “Escrevam uma carta ao capitão Nascimento, de Tropa de Elite”. Como o filme ainda não havia estreado, a turma se dividiu entre os que assistiram o filme e aqueles que exercitar sua veia criativa. O diretor do Colégio e Curso pH tentou contornar a situação nas cartas dos leitores do Jornal O Globo (3/10/07): “Não era necessário que o aluno tivesse assistido ao filme (...), uma vez que a temática da redação foi embasada em cinco textos extraídos do GLOBO. Na posição de educadores, ao mesmo tempo em que repudiamos qualquer violação aos direitos autorais, não podemos “fechar os olhos” para as discussões atuais”.

    Não se preocupe, caro diretor, você sabe falar bonito e todos acreditamos que você e os professores do seu colégio, bem como todos os 300 alunos, jamais seriam capazes de comprar um DVD pirata!

    O jornalista Mauro Ventura noticiou em seu blog, no Globo Online, que o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, ficou preocupado com a situação de penúria da frota policial exposta no filme e anunciou que esta iria ser terceirizada dentro de dois meses. O próprio Governador respondeu nos comentários do blog: “Prezado Mauro, me permita esclarecer que ainda não assisti o filme”. E o jornalista rebateu: “Está no seu papel. Eu, como governador, também diria que não assisti à cópia pirata”.

    Agora todos podem falar sem medo, o filme já entrou em cartaz e os jornalistas não precisam limpar os pingos de suor da testa diante de uma matéria sobre o tema.

    José Padilha se formou em administração pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e escolheu o lugar para locação das cenas em que os universitários aparecem no filme. O que pesou na escolha foi a boa infra-estrutura, explica o diretor. Alguns estudantes não gostaram da imagem rotulada que passaram destes, mas Padilha se adianta: “O filme não diz em nenhum momento que todas as pessoas usam drogas dentro da universidade. O “Tropa de Elite” contra uma história pela ótica de um policial, ou seja, como este policial enxerga os universitários. E se a visão deste é caricatural, isso é uma crítica aos policiais, e não aos estudantes”. (Jornal O Globo, Revista Magazine, 2/10/07).

    Quem escreveu, dirigiu e editou o filme não foram os policiais. Certo?

    Há quem prefira simplesmente ficar com os filmes de ação, terror e suspense americanos que torcem sangue à moda “Saw” (Jogos Mortais), afinal, é muito duro mesmo ver uma jovem levar um tiro na nuca e seu amigo morrer queimado dentro de uma pilha de pneus de carro. "Não é mentirinha, assim, não tem graça, pô!... " É melhor fingir que não existe, que está só ali, em cima daquele morro, em um Rio de Janeiro que “não se pretende nunca visitar”, mas que acham lindo na novela das Oito. Mas para nós cariocas, principalmente para aqueles que sabem o significado do barulho de sete tiros dos fogos de artifícios, há um pouco mais que o filme não contou.

    _Corre, entra! _ gritam aos mães para as crianças que brincam na rua. É o caveirão que está chegando. Se houvesse trilha sonora no dia-a-dia comum das favelas, poderia se ouvir: “Tropa de Elite, osso duro de roer, pega um, pega geral, também vai pegar você”.

    Todos querem falar de “Tropa de Elite”, mas poucos sabem o que significa na realidade o trabalho desse grupo de policiais. O escritor peruano Daniel Alarcón foi um dos que levantou a mão para dizer o que pensa:

    — Foi uma grande decepção. Parece um filme fantástico, quase um Harry Potter — ironizou Alarcón, que mora nos Estados Unidos e vai escrever um artigo sobre "Tropa de elite" para o "Los Angeles Times". _ ironizou, no Botequim Filosófico, no mês passado. (Blog Prosa Online)

    A gente podia ter ido dormir sem essa... Mas de onde ele é? Peru? E onde mora? Estados Unidos? Ah! Tá... era só para saber...

    A fotografia não era boa, a trilha sonora um fiasco e por aí começam os itens da lista que colocou o filme fora da disputa para o Oscar. “O ano em que meus pais saíram de férias” (“Quê? Você não ouviu falar?! Ah! Mas a técnica é impecável e nem mostra rodinhas de baseado e churrasco de playboy!”) ficou no lugar. Não ia mandar esse cartão de visitas, claro! Como ficaria nosso turismo carioca depois disso? ¬¬

    O que importa prêmio dos caretas da academia americana? Esse foi um dos grandes debates sobre a polícia carioca! Mas passa, daqui a pouco é só mais um DVD na prateleira do cineclube. Já para quem mora lá, em uma das favelas mostradas, ainda se ouvirá...Pá, pá, pá, pá, pá, pá, pum!)

    Fonte da Imagem

    Li Mendi